sexta-feira, 10 de agosto de 2007

COMO CHEGAR AO FUNDO DO POÇO OU A ARTE DE DESMANTELAR UM TIME DE FUTEBOL

Crônica
por Enzo Carlo Barrocco


O Papão da Curuzu: vivendo o seu inferno astral.


Eu sempre disse e continuarei a dizer que só torço por duas equipes no mundo. A primeira é o velho Papão da Curuzu, o Paysandu Sport Club, o Papão da Amazônia, o Papão de Títulos. A segunda, evidentemente, é a Seleção Brasileira, que todos sabemos, cinco vezes campeã do mundo e tantos outros títulos. O fato é que em nenhum momento de sua longa história de 93 anos, o Paysandu esteve em uma situação tão complicada. Em um grupo da Série C junto com Ananindeua aqui do Pará, Imperatriz do Maranhão e o Araguaína do Tocantins, conseguiu o “maravilhoso” feito de empatar uma partida apenas, dentro de casa com o Ananindeua, perdendo todas as demais, ficando em antepenúltimo lugar, à frente somente do Guará do Distrito Federal (o lanterna) e do ASA de Arapiraca, Alagoas. Uma derrocada sem precedentes: da 1ª Divisão, caindo para a Segundona e, por último, agora em 2007, descendo para o inferno da 3ª Divisão. É impressionante a incompetência dos cartolas brasileiros em especial as duas diretorias mais recentes do Paysandu nas pessoas de seus presidentes, que nem vou mencionar os nomes para não dar cartaz a esses sacripantas e que deveriam ser banidos definitivamente do futebol, responsáveis pela atual situação do nosso time. A corrupção que assola todos os níveis da política brasileira, infelizmente, também grassa em nosso futebol e em outras modalidades do esporte brasileiro. Para um time que já foi 42 vezes campeão estadual, duas vezes campeão brasileiro da Série B (1991 e 2001), campeão da Copa Norte em 2002, campeão da Copa dos Campeões em 2002, batendo as maiores equipes do futebol do Brasil e, ainda, participação na Copa Libertadores da América em 2003, vencendo o poderosíssimo Boca Júnior dentro do Estádio La Bobonera, em Buenos Aires, é de se lamentar. Para uma equipe que já contou em seus quadros com jogadores renomados como Quarentinha, João Tavares (o João-Sem-Medo) e Bené, “O Tanque da Curuzu” nos anos 1960; Roberto Bacuri (o deus dos espaços) e Dario ( “o Beija-Flor”) nos anos 1970; Yarlei, hoje jogando no Internacional; Sandro Goiano, hoje jogando no Grêmio (esses dois mais recentemente) é, realmente deplorável. Saudosismo? Pode ser! Mas não devemos esquecer que nós torcedores devemos cobrar o direito que temos de vermos nosso time disputando novamente os principais torneios do futebol brasileiro. Não devemos esquecer, também, que essa situação se deve em muito aos técnicos incompetentes que passaram pela Curuzu, que não foram poucos, verdadeiros distribuidores de camisas, pois de futebol não entendem absolutamente nada, visto que trouxeram para cá jogadores descompromissados com a causa bicolor, pernas-de-pau que estiveram aqui pensando tão-somente em ganhar dinheiro. Estou escrevendo esta crônica, já que não pude ir à curuzu hoje, ouvindo por uma emissora de rádio a última partida do Paysandu pela Terceirona de 2007, sofrendo para não levar gol do Imperatriz. Simplesmente lamentável. Esperei o final da partida para dizer o resultado: Imperatriz 1 x 0. Simplesmente lamentável.

Nenhum comentário:

ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...