quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

A BOLSA DO GENIVAL

Miniconto

por Enzo Carlo Barrocco





















O velho Genival era daquelas pessoas desconfiadas e arredias com pessoas estranhas, mas com os conhecidos se tornava falante, ainda mais se estivesse com “duas” na cabeça. Certo dia deixou a bolsa tiracolo no banco comprido da sala do casal de irmãos Nogueira, solteirões convictos, enquanto ia ao igarapé tomar banho. Só Dona Regina, velha solteirona estava na casa. O enfezado Genival voltava do banho quando ouviu o velho Rinaldo, que havia retornado, perguntar: de quem é essa “borsa”? A irmã respondeu: é de “Genivalo” O pessoal da família Nogueira sempre acrescentava “O” no final das palavras terminadas em “L”. Genival, ignorante por toda a vida, apanhou a bolsa e foi embora sem, ao menos, se despedir, resmungando que pela frente o chamavam de “seu” Genival, mas por trás o chamavam apenas de Genival. Os dois velhos estupefatos entreolharam-se enquanto o desfeiteado sumia na curva do caminho.
 

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