quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

LUAS DE AJURUTEUA - CANTO Nº 12

Enzo Carlo Barrocco


MANHÃS NOS SÍTIOS DISTANTES

A fumaça matinal
saindo pelo telhado
diz que um gostoso café
está sendo preparado.


ENTREGA

O poema não se entrega
tão fácil, assim de estalo,
por certo dificuldade
tu terás para fechá-lo.


O HOMEM CONTEMPLATIVO

A chuva cessou há pouco,
Só restou a maresia;
Um homem à amurada
Contempla a vasta baía.


AFIRMAÇÃO I

O poeta citadino
sem os convívios rurais,
com toda certeza afirmo:
não sabe fazer hai-kais.


AFIRMAÇÃO II

Embora eu tenha morado
nesses lugares modestos,
também não tenho certeza
se eu saiba fazê-los certos. 


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A TRAVESSIA

Enzo Carlo Barrocco

















Não te preocupa que a travessia é calma,
o barqueiro em pé na popa do “casco”
é experiente.

Embora estejamos em janeiro
o rio é estreito,
como podes notar.
Em três minutos estaremos do outro lado.

Um homem esguio na outra margem
aguarda.
Um chapéu na mão e um guarda-sol na outra,
impacientemente.

O céu se tolda e o tempo urge,
apressemo-nos, portanto,
que pelo outro lado ainda se anda a pé.


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

RUY BARBOSA NO DIÁRIO DOS PENSADORES

“Há tantos burros mandando em homens de inteligência que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma ciência”.











- Ruy Barbosa  (Salvador  1849 – Petrópolis, RJ 1923) jurista, político, cronista, tradutor e orador baiano


quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

PAISAGEM AMAZÔNICA

Enzo Carlo Barrocco
















A manhã está deserta, à madrugada
a chuva se deitou sobre meu pasto,
o céu é um lençol molhado e vasto
sobre o igapó, a mata, a estrada.

No alto da andirobeira antiga
uns pássaros esperam pacientes
que o tempo e a paisagem indolentes
se abram e o dia então prossiga.

Fico olhando aqui do meu alpendre
a bela poesia do momento,
longe o milharal amarelento

some e o igarapé inchado.
De par em par tucanos e araras
riscam, de repente, o céu nublado. 


A POESIA DA IMAGEM - FLORES DE QUINTAL

DA SÉRIE NATUREZA VIVA

                                                               Foto: Enzo Carlo Barrocco

RIOS

Enzo Carlo Barrocco

                                                                        Foto: Margi Moss















Correm os rios,
rios de risos,
da clave dos
teus lábios;
e eu, navegador
que sou,
numa canoa pequena
percorro um a um
esses
rios
de ternura
agrorrubra.

ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...