segunda-feira, 16 de setembro de 2013

JORGE DE LIMA: O POEMA E O POETA


O POEMA...


A mão enorme
Dentro da noite, da tempestade,
a nau misteriosa lá vai.
o tempo passa, a maré cresce,
o vento uiva.
A nau misteriosa lá vai.
Acima dela
que mão é essa maior que o mar?
Mão de piloto?
Mão de quem é?
A nau mergulha,
o mar é escuro,
o tempo passa.
Acima da nau
a mão enorme
sangrando está.
A nau lá vai.
O mar transborda,
as terras somem,
caem estrelas.
A nau lá vai.
acima dela
a mão eterna
lá está.





















...E O POETA

Jorge Mateus de Lima (União dos Palmares 1893  Rio de Janeiro 1953) poeta, romancista, biógrafo, ensaísta, tradutorpolítico e médico alagoano, começou na vida literária, inicialmente, como autor de versos alexandrinos, depois é que se transformou em um modernista. Os textos de Jorge de Lima abrigam inumeráveis possibilidades de leitura, fazendo dele um autor em constante mutação. O poeta foi recusado por seis vezes à Academia Brasileira de Letras. Em 1939 o poeta passou a se dedicar, também, às artes plásticas participando de algumas exposições. Experimentemos Jorge de Lima, um dos mais criativos escritores brasileiros.


quinta-feira, 12 de setembro de 2013

NÃO RENUNCIA A TUA DOR


Enzo Carlo Barrocco












Sob a dor a denúncia -
a palavra dita – renúncia,
o que a alma aceita,
a seita, o verbo, a canção...

Cava o silêncio
a sua enorme simplicidade,
feito um facho de luz
sobre o  assoalho.

A palavra dita – renúncia;
não renuncia a tua dor.


segunda-feira, 2 de setembro de 2013

FLORES DE TRACUATEUA (Canto nº 4)


Enzo Carlo Barrocco

PRETENSÃO
O que mais pretendo agora,
Neste final de milênio,
É botar garganta a fora
Os versos que ainda tenho.

PRELO
Dilui-se toda a palavra
Se no livro não for posta,
Perdida está toda a lavra,
Pedra solta na encosta.

SUPOSIÇÃO
Nestes dias de amargura,
De tristes dias, de fome,
Suponho não ter mais cura
Para a tristeza do homem.

ÉTICA
Quem sabe não tenha ética
O que vou falar, sem alarde:
A mentira sendo poética
Passa logo a ser verdade.

RUA E MADRUGADA
A rua está tão deserta,
Uns grilos pela calçada,
A madrugada desperta
Nos seios da minha amada.

ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...