quinta-feira, 16 de abril de 2015

COM CORONEL LUDUGERO POR OUTROS CAMPOS DE TRIGO

por Enzo Carlo Barrocco




















Coronel Ludugero, Luiz Queiroga, d. Felomena e Otrópi





Luiz Jacinto Silva, o Coronel Ludugero (Caruaru 1929 – Belém 1970), cantor, ator e comediante pernambucano, aos dez anos se tornou escoteiro, ao mesmo tempo que em estudou no Colégio de Caruaru, hoje Colégio Diocesano, concluindo o curso ginasial. Embora tenha, por algum tempo, ajudado o pai a confeccionar selas de cavalo, não seguiu nessa empreitada. Luiz foi entregador de pão, ajudante de pedreiro e carteiro. Serviu o exército em São Bento do Una e Sirinhaém, cidades pernambucanas e residiu, também, em Palmeira dos Índios, Alagoas. Quando entrou para a maioridade foi morar em Recife, tendo sido reprovado num concurso de telegrafista. Foi aí que entrou na vida de Luiz, um xará seu chamado Luiz Queiroga que criou para ele o personagem Coronel Ludugero. Mas antes disso Luiz Jacinto já tinha começado a sua vida artística na Rádio Cultura do Nordeste, na cidade natal dele, Caruaru. No início Luiz Jacinto se apresentava sozinho como coronel Ludugero, mas, em seguida, conheceu o ator Irandir Peres Costa, que se apresentava com um personagem chamado Otrópe. No grupo também ficou famosa a atriz Mercedes Del Prado, interpretando a dona Felomena, esposa do personagem Coronel Ludugero, que caracteriza a figura dos coronéis nordestinos, um homem simples, mas que gabava-se de si mesmo. Luiz Jacinto também levou o personagem junto com grupo todo para a TV Tupi de São Paulo, onde se apresentava num programa chamado Café Sem Concerto, nos anos 1960. Com uma voz caracteristicamente nordestina, o coronel Ludugero, que se confundia com o próprio Luiz Jacinto,  gravou músicas que até hoje são  marcas registradas dentro da música popular  nordestina. No dia 14 de março de 1970, Luiz Jacinto, Irandir Costa e toda a equipe sofreram um acidente aéreo na Baía do Guajará, em Belém. Ele próprio, Irandir e alguns componentes faleceram no acidente. O corpo de Luiz foi encontrado apenas no dia 30 de março, sepultado depois em Caruaru, onde foi criada, na Vila do Forró, a miniatura da casa do Coronel Ludugero e da Véia Felomena, sendo grande a visitação por turistas. Durante os festejos juninos desta cidade podem ser vistos personagens caracterizados, desfilando pelas ruas, relembrando esses artistas. Vale dizer que Luiz Queiroga, o criador do personagem, na maioria das vezes,  era quem compunha  as músicas e criava as esquetes presentes em alguns dos seus discos. A cultura brasileira deve muito a Luiz Jacinto e seu personagem Coronel Ludugero que retratou de forma irreverente e ao mesmo tempo consistente a vida do povo do sertão. Eu, particularmente, sou fã incondicional desse artista que considero um dos maiores representes da música brasileira.

Obras:





  • CARNAVÁ DO CORONEL LUDUGERO - (Disco em 78 rotações /1961)
  • LUDUGERO APOQUENTADO - (Disco em 78 rotações / 1962)
  • CUMBUQUE DE LUDUGERO - (Disco em 78 rotações / 1962)
  • A INLEIÇÃO DO CORONEL LUDUGERO - (LP Viva São João Vol. 5)
  • LUDUGERO MANDA BRASA - (LP gravado em 1967 pela CBS)
  • LUDUGERO E SEU JUMENTO - (LP gravado em 1968 pela CBS)
  • LUDUGERO CASA UMA FILHA (LP gravado em 1969 pela CBS)
  • DESQUITE DE LUDUGERO (LP gravado em 1970 pela CBS)
  • MUITA SAUDADE (LP gravado pela CBS em 1971 reunindo sucessos variados)
  • DISCURSO FINAL - (Show AO VIVO gravado pela  Rádio Gazeta de Alagoas / 1977)
  • DIXE BOM (1979 / Gravado depois da morte do Coronel Ludugero e Otrópe reunindo vários sucessos)
  • 20 SUPER SUCESSOS - CORONEL LUDUGERO - (1997 - Sony Music)





quarta-feira, 15 de abril de 2015

segunda-feira, 13 de abril de 2015

A ÚLTIMA ESTAÇÃO

Enzo Carlo Barrocco






















Sabe aquele trem que diminuía a carreira
para encostar na última gare?
Pois é! Chegou regurgitando os últimos viventes.

Nem notei que tinhas descido
há três estações.
Inadvertidamente  te procurei
 entre os passageiros;
desembarquei atônito.
Incrédulo fiquei à plataforma
perscrutando a composição
que se recolhia.


quarta-feira, 8 de abril de 2015

DI CAVALCANTE - O CRIADOR E A CRIATURA

O  CRIADOR...
























Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque e Melo, o Di Cavalcanti (Rio de Janeiro 1897 – Idem 1976)  pintor, caricaturista e ilustrador fluminense, foi um dos idealizadores e participantes da Semana de Arte Moderna de 1922, expondo, na oportunidade, 11 obras de sua autoria. O expressionismo, cubismo e os muralistas mexicanos (Diego Rivera, por exemplo), foram os influenciadores do estilo do pintor. Um gênio na acepção da palavra.

...E A CRIATURA.

















Aldeia de Pescadores - 1950
Guache - 43 x 50 cm.

quarta-feira, 1 de abril de 2015

A PAZ ABSOLUTA

Enzo Carlo Barrocco


Quero a paz da morte, absoluta,
quero a paz dos pássaros dormindo.
Silêncio, nada mais que o silêncio;
sê bem-vindo, amigo, sê bem-vindo!

Nada mais me importa, nada mais
a não ser uma lua sobre o gris
de um túmulo azibre, abandonado
nos versos dos poemas que já fiz.

Seja eterno o sono que ora encontro
e estico a mão medonha a afagá-lo;
negra como a noite, negra fruta,

pálida visão me vem sorrindo;
quero a paz da morte, absoluta,
quero a paz dos pássaros dormindo.


ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...