terça-feira, 30 de dezembro de 2008

DATA VÊNIA: RONALDO CAGIANO


Ronaldo Cagiano
(Cataguases 1961)
Poeta, contista, crítico literário e ensaísta mineiro


IMAGEM VIRTUAL

Não interrogues o poeta.
Que sabe o rio de suas águas?

Anderson Braga Horta

Sobre o beiral da velha ponte
de Cataguases
contemplo águas andarilhas
mirando o leito de antanho:
lâmina que me disseca
para um lúcido reconhecimento.
O rio que, inexorável, me escapa,
carrega antigas histórias
rumo ao mar das utopias:
reencontro nas catarses.
Nesse itinerário que serpenteia
por antigas paragens,
lanço barcos sem rumo
para o resgate do que f(l)ui
no espelho provisório
dos meus anos.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

A TENDA DOS BLOGUEIROS - CONTOSEMPRE



CANTOS ASSASSINOS

Mesmo que a sutileza de tudo isso seja impenetrável para a maioria das pessoas, foi com sentimentos nobres que construí meu vil objetivo. O amor constrói inúmeras estruturas, assim como a pedra. Com elas pode se erguer uma torre que possibilita divisar o mar, como também um prisão ou uma masmorra. Com o amor pode se construir todas as infinitas histórias bonitas que nos contam quando somos crianças, e também pode se edificar o destino das criaturas que então pertenciam a mim.

Quisera eu poder ter somente uma leitura para cada palavra em minha vida. Mas nasci com o dom da dúvida e com a escuridão na mente. Toda minha vida foi uma bacia de risos cercando as lágrimas que eram minha essência. Toda minha existência, antes de Joana e Joaquina, uma mentira.

Trecho do conto "Glossário dos Fluidos Humanos" do surpreendente livro "Cantos Assassinos", de Daniel Detânico (ou Detanico), escritor gaúcho (ou sul-riograndense), editado em 2.000 pela Maneco Livraria e Editora, da cidade Caxias do Sul/RS. São três contos sobre assassinatos, sobre isso não há surpresa. A forma como são narrados é que surpreende - boa dose de originalidade, escrita segura e não-linear, que indicam maturidade do escritor. Nunca ouvi falar antes de Daniel Detânico (não parece a vocês um pseudônimo?). Nem há no livrinho (pelo número de páginas) nenhuma indicação de quem seja, nada, só a indicação de sua naturalidade pela ficha catalográfica e pela editora. Comprei o exemplar por uma ninharia na LDM, entre os promocionais do andar superior.


DO BLOGUE DO CARLOS BARBOSA

http://contosempre.zip.net/

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

PÁSSAROS DO ANOURÁ - POETRIX - 17ª TRÍADE



JIRAU DIVERSO Nº 34


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JIRAU DIVERSO
Nº 34– dezembro.2008
por Enzo Carlo Barrocco

A POESIA PARANAENSE DE EMILIANO PERNETA

O POEMA

SETEMBRO

Eu ontem vi chegar, quase que à noitezinha,
Apressada e sutil, a primeira andorinha...
 
É a primavera, pois, em flor, que se anuncia,
É setembro que vem, bêbedo de ambrosia
 
Mãos doiradas, a rir, mãos leves e radiosas,
Semeando à luz e ao vento as papoulas e as rosas...
 
Como foi para nós de um esquisito gozo,
Ó minha alma! esse doce, esse breve repouso,
 
Que entre o nosso viver tumultuário e incerto
Surgiu como se fosse o oásis do deserto...
 
O POETA

David Emiliano Antunes, o Emiliano Perneta, poeta e jornalista paranaense (Pinhais 1866 – Curitiba 1921) foi um incansável homem de letras sempre preocupado com a difusão da literatura em nosso país. Alguns críticos vinculam a poesia de Perneta ao simbolismo embora eu, particularmente ache que seus escritos transpõem sutilmente essa rotulação. Colaborador em diversos periódicos de São Paulo e Curitiba, deixou a sua poesia fragmentada, também, em algumas revistas criadas por ele.


ESTANTE DE ACRÍLICO


Livros Sugestionáveis


Surfando na Multidão (poesias)
Autor: Edyr Augusto
Edição: Editora Cejup
Os textos de Edyr margeiam a poesia práxis sem, no entanto, tocá-la. Poemas concisos, sem títulos, harmoniosamente construídos.


Albergue Noturno (romance)
Autor: Edilson Pantoja
Edição: IAP / Governo do Pará
Embora falte um pouco de estilo (acerto que o jovem autor fará no decorrer da carreira) a escrita de Edílson é interessantíssima. Um romance fatiado.


Vidas Secas (Romance)
Autor: Graciliano Ramos
Edição: Editora RCB
Uma família de retirantes tenta escapar da seca nos confins dos sertões nordestinos. Todas as nuances desta saga narradas pela genialidade de Graciliano.

***
A FRASE DI/VERSA

Um homem desejoso de trabalhar e que não consegue encontrar trabalho, talvez seja o espetáculo mais triste que a desigualdade ostenta.
- Thomas Carlyle (Ecclefecham 1795 – Londres 1881) historiador, jornalista e filósofo escocês


DA LAVRA MINHA







sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

PÁSSAROS DO ANOURÁ - POETRIX - 16ª TRÍADE




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quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

RONALD POLITO: O POETA HISTORIADOR


Ronald Polito

(Juiz de Fora, 1961)

Poeta, ensaísta e historiador mineiro



Outra Face


Faces sem conta são
possíveis quando a face
perfaz, desfaz, refaz-se
na cristalização


efêmera que, impasse
a impasse, implica, não
obstante a interação,
além de uma interface,


com outras que, indevido
equívoco, depressa
reduzem-se a resíduo,


o impulso que a arremessa
a um face-a-face assíduo
com sua face avessa.


PÁSSAROS DO ANOURÁ - POETRIX - 15ª TRÍADE



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quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

NOTAS PEQUENAS – PASQUALE MOSTRA A LÍNGUA


Croniquetas


por Enzo Carlo Barrocco



"Nossa Língua...": Salvando a TV aberta do lixo cultural

Nesta nota gostaria de fazer uma pequena homenagem ao programa “Nossa Língua Portuguesa”, ao seu apresentador, o professor Pasquale Cipro Neto e a toda a sua produção . Alguns programas salvam a televisão brasileira do lixo que aí está, como o “Nossa Língua Portuguesa” que é uma dessas pequenas jóias que, vez por outra, emergem em meio à ganga. Vida longa ao “Nossa Língua Portuguesa”, ao maleável Pasquale Cipro Neto e à TV Cultura de São Paulo pela excepcional idéia de pôr no ar um programa que prima pela qualidade e pelo conteúdo.


A TENDA DOS BLOGUEIROS - CONTOS BRASILEIROS

APENAS UM EPISÓDIO

Em suas memórias (volume III, página 41), Alfred Hitchock conta um episódio aterrorizante.
Uma noite fazia anotações para um filme. Não diz se levou adiante o projeto. Thomas Mc Carthy informa tratar-se de “Pacto Sinistro”. E faz cotejo entre as cenas do filme e as anotações citadas por Aldred.
Súbito a luz do aposento se apagou. E a caneta caiu das mãos do mestre. Ou sumiu de entre seus dedos. Instintivamente, tateou a mesa, à procura da caneta. E nada encontrou. Talvez tivesse caído para o chão. Melhor aguardar a luz. Cruzou as mãos e, pacientemente, esperou. Não costumava faltar luz na casa. E canetas nunca desapareciam misteriosamente.
Passados alguns minutos, a casa se iluminou de novo. Hitchcock descruzou as mãos e varreu a mesa com os olhos. Só papéis e livros. Apalpou-os, sacudiu-os. Definitivamente a caneta desaparecera. Não se achava sobre a mesa, nem debaixo dela. Vasculhou todo o aposento, recanto a recanto. E nada de caneta.
Apavorado, sedento, correu à geladeira. Beberia um litro de água. Abriu abruptamente a porta, e, para seu espanto, tudo virara gelo. Até a caneta.
Alfred Hitchcock quase desmaiou. Eriçaram-se os cabelos. Como poderia a falta de luz ter provocado aquilo?
James Grant nega o episódio. Tudo se deu apenas na imaginação do cineasta. Seria apenas mais um episódio de filme.


DO BLOG DO NILTON MACIEL

http://contosbrasileiros.blogspot.com/


terça-feira, 2 de dezembro de 2008

O DIÁRIO DOS PENSADORES - PÁGINA 33


Poeta convive com uma certa anomalia

de olhar para dentro de si todo dia.

- Eliana Mora (Rio de Janeiro 1948 - poeta fluminense


O invejoso chora mais o bem alheio que o próprio dano.


- Francisco de Quevedo y Villegas (Madri 1580 – Villanueva de los Infantes 1645) poeta espanhol


Quando não se tem aquilo que se gosta é necessário gostar-se daquilo que se tem.

- Eça de Queiroz (Povoa do Varzim 1845 – Paris 1900) contista e romancista português


A simplicidade é a mais difícil coisa que se pode obter, é o último limite da experiência e o maior esforço de genialidade.


- Georges Sand (Paris 1804- Nohant 1876) romancista francesa


A terra não pode ser mera reserva de valor para os que especulam com o seu preço, por que só nela os homens encontram a vida.

- Ulysses Guimarães (Rio Claro 1916 – Em um desastre de helicóptero, mar de Angra dos Reis 1992) político paulista, cognominado “O Senhor Diretas”.


A verdade científica é sempre um paradoxo, se julgada pela experiência cotidiana que se agarra à aparência efêmera das coisas.

- Karl Marx (Trier 1818 –Londres 1883) economista, político, filósofo e ensaísta alemão


Cada geração ri de seus pais, ridiculariza seus avós e admira seus bisavós.

- William Somerset Maughan (Paris 1874 – Londres 1965) romancista, contista, dramaturgo e ensaísta inglês nascido na França


Só podemos falar francamente sobre nossos defeitos para aqueles que conhecem nossas qualidades.

- André Maurois (Elbeuf 1885 – Paris 1967) romancista e biologista francês


Decreta-se que nada será obrigado nem proibido,

tudo será permitido,

... só uma coisa fica proibida:

amar sem amor.

- Thiago de Melo (Bom Socorro, distrito do município de Barreirinha 1926) poeta amazonense


Do mesmo papel em que lavrou a sentença contra um adúltero, o juiz rasgará um pedaço para nele escrever umas duas linhas amorosas à esposa de um colega.

- Michel de Montagne (Bordeaux 1533 – Idem 1592) ensaísta francês


segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

SANTA CATARINA CLAMA POR AJUDA




Gostaria de prestar minha solidariedade à população catarinense, em especial, às pessoas atingidas, nas últimas semanas, pelas enchentes e pelas quedas de barreiras na região do Vale do Itajaí. Peço a todos os brasileiros dos vários rincões do país, que tenham condições de ajudar, que dêem a sua contribuição aos nossos irmãos catarinenses que, neste momento, estão necessitando de todo tipo de ajuda. Em Belém, as doações podem ser entregues na sede do Corpo de Bombeiros que fica na Avenida Júlio Cezar 3.000, esquina com a Avenida Pedro Álvares Cabral. Procure no seu Estado onde fazer as doações. Amigos internautas, solidariedade é a palavra de ordem.


sexta-feira, 28 de novembro de 2008

A OUTRA TEMPESTADE



JIRAU DIVERSO Nº 33


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JIRAU DIVERSO
Nº 33 outubro..2008
por Enzo Carlo Barrocco


A POESIA PIAUIENSE DE MARCOS FREITAS


O POEMA


NENHUMA CARTA EM MEU NOME

de soslaio
a memória de teu rosto
cravado na rocha da ausência: fotografia.

o vento quente sopra a cor do esquecimento:
sombria melancolia do dia-a-dia.

tentei entender teu nome e nossos minutos
como se houvera fruta na fruteira
de minha existência.

o domingo desabitado fareja o ronco do motor
de meu carro empoeirado.

nada, nada além de silêncio e pó.
há mais de um ano, nenhuma carta em meu nome.
O POETA

Marcos Airton de Sousa Freitas, piauiense de Teresina, poeta e contista, no convés da fragata desde 1963, é um atuante poeta radicado em Brasília e que já participou de várias antologias. Marcos é ativo participante de concursos literários onde, vez por outra, tem arrebatado as primeiras colocações, fruto de sua condição de exímio operário das letras. Marcos Freitas é verbete no “Dicionário Biográfico Virtual de Escritores Piauienses”, 2004.


ESTANTE DE ACRÍLICO
Livros Sugestionáveis
Contos Amazônicos
Autor: Inglês de Sousa
Edição: Martin Claret Editora
A obra-prima de Inglês de Sousa condensada nestes nove contos ambientados na região do baixo-amazonas paraense do Século 19. Não passe pela vida sem ler este maravilhoso trabalho.
Lutero E a Igreja do Pecado (Ensaio)
Autor: Fernando Jorge
Edição: Novo Século
Uma biografia do reformador Martinho Lutero, o homem que, apesar de certas atitudes, teve a coragem de afrontar a Igreja Católica à época da inquisição.
Eram sete os Desertores (Romance)
Autor: Manoel Cardoso
Edição: Scortecci Editora
Cardoso nos mostra através da sua escrita o valor da liberdade e o preço que se tem de pagar por ela. Um excelente trabalho literário.
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A FRASE DI/VERSA
Amazônia, se depende de ti o oxigênio do mundo, que as futuras gerações aprendam a respirar oxigênio em lata.
- Orlando Carneiro (Belém 1945) contista, novelista, romancista e cronista paraense
DA LAVRA MINHA


ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...