Resenha
por Enzo Carlo Barrocco

Mario Quintana só publicou seu primeiro livro de poemas em 1940, quando já contava 34 anos, daí a poesia amadurecida, pronta e completa do livro “A Rua dos Cataventos” (Editora Globo, 1998, 122 páginas). Composto de 35 sonetos, o livro vai na contramão do propósito dos modernistas que queriam impor uma nova ordem na poesia brasileira a partir de
UM SONETO DO LIVRO “A RUA DOS CATAVENTOS”
SONETO - X
Eu faço versos como os saltimbancos
Desconjuntam os ossos doloridos.
A entrada é livre para os conhecidos...
Sentai, Amadas, nos primeiros bancos!
Vão começar as convulsões e arrancos
Sobre os velhos tapetes estendidos...
Olhai o coração que entre gemidos
Giro na ponta dos meus dedos brancos!
"Meu Deus! Mas tu não tu não mudas o programa!"
Protesta a clara voz das Bem-Amadas.
"Que tédio!" o coro dos Amigos clama.
"Mas que vos dar de novo e de imprevisto?"
Digo... e retorço as pobres mãos cansadas:
"Eu sei chorar... eu sei sofrer... Só isto!"