quinta-feira, 22 de outubro de 2009

A POESIA PAULISTA DE ADEMIR ASSUNÇÃO


O POEMA


Londrix 79

velha lamparina
vela a chuva na janela à toa
entrelábios flora rara trança loura
belamiga rindo
rindo rindo rindo me desfolha
lingerie despida breve brisa sei minha face crispa
e doura



O POETA



Ademir Assunção, paulista de Araraquara, poeta, compositor e jornalista, no convés da fragata desde 1961, é um entusiasta militante do jornalismo e ativista cultural incansável. Participou de várias antologias poéticas no Brasil e no exterior. Como letristas Ademir tem parcerias gravadas com Itamar Assunção, Edvaldo Santana e Madan. Atualmente o poeta é um dos editores da Revista Coyote.


quarta-feira, 14 de outubro de 2009

QUANDO ALBERTO DE OLIVEIRA CHEGOU AO INFERNO


Conto


Enzo Carlo Barrocco

Quando Alberto de Oliveira, nos idos de 1937, deixou este mundo, não conseguiu retirar os bilhetes para entrar no céu, devido a uns problemas de ordem técnica. Portanto fora mandado diretamente para o inferno. Não perguntou nada, mas se intrigou com o fato de não ter sido mandado primeiramente ao purgatório. Acompanhado de um anjo escalado para a tarefa, à porta do lugar sinistro, o Diabo, em pessoa, estava lá resolvendo sebe-se lá o quê. Do jeito que estava (muito diferente, aliás, da figura medonha que as pessoas na terra faziam dele) o temível “senhor das trevas” nem seria percebido se estivesse andando pelas ruas de uma cidade grande, a não ser pela roupa extravagante: calça de brim riscado, camisa de viscose lilás com mangas curtas, alpercatas de couro cru. Os aspectos da vida terrena atraem sumamente as atenções do “demo”.
Assim que o capiroto avistou o poeta, se espantou:
- Alberto de Oliveira! – O poeta aqui no inferno! – completou o “feio”.
- Não, não! Esse daí não pode ficar aqui de jeito nenhum! Ele vai acabar atapetando de flores todo o chão do inferno. Isso, não! Claro que este lugar – afirmou – está cheio de poetas, mas apenas, os particularmente ruins.
Alberto não teve coragem de interpelar o Diabo, embora o tenha achado muito cortês.
O anjo, um pouco afastado, esperou que Alberto o acompanhasse. O que o poeta queria era voltar para Niterói ou mesmo Palmital, mas confessa a curiosidade que tinha a respeito daquele lugar.
Não tinha idéia aonde aquele anjo o levaria depois de ter sido rejeitado no inferno, mas incrivelmente não estava preocupado. Por entre a forte neblina, ambos desapareceram...

O DIÁRIO DOS PENSADORES - PÁGINA 42



O ser humano precisa de um pouco de loucura. Do contrário, nunca ousa cortar a corda e ser livre

- Nikos Kazantzakis (Candia, atual Iraklion, Ilha de Creta 1885 –

Fribourg, Suíça 1957) poeta, romancista e dramaturgo grego


As heresias são experimentos na insaciável busca da verdade.

- Herbert George Wells (Bromley 1866 – Londres 1946) novelista, historiador e cientista inglês


A melhor maneira de mulher prender marido em casa é ela dormir fora.

- Leon Eliachar (Cairo 1923 – Rio de Janeiro 1987) contista, cronista e humorista brasileiro nascido no Egito


Uma vez compartilhada com outra pessoa, as confissões tornam-se públicas.

- Donald Margulies (Nova York 1954) dramaturgo americano


A mentira nunca sobrevive até alcançar a idade adulta.

- Sófocles (Colona 496 – Atenas 406 a C.) dramaturgo grego


Ciência sem consciência é apenas a ruína da alma.

- François Rabelais (La Devinière 1494 – Paris 1553) romancista e humanista francês


A honestidade é a melhor política. Mas quem age com este princípio não está sendo honesto.

- Richard Whately (Londres 1787 – Dublin 1863) arcebispo e teólogo irlandês, nascido na Inglaterra


A ficção deve ater-se aos fatos; quanto mais verdadeiros os fatos, melhor a ficção.

- Virgínia Woolf (Londres 1882 – Lewes 1941) romancista inglesa


A árvore nascente aguarda-te a bondade e a tolerância para que te possas ofertar os próprios frutos em tempo certo.

- Francisco Cândido Xavier (Pedro Leopoldo 1910 – Uberaba 2002) poeta, ensaísta, líder espiritual e médium mineiro


Quantas pessoas sucumbem diante do infortúnio por haver formado projetos excessivamente grandiosos apenas porque se sentiam fortes em demasia.

- Xenófanes (Cólofon 427 – Idem 355 a C.) poeta e filósofo grego


As mais cruéis mentiras, muitas vezes, são ditas em silêncio.

- Roberto Louis Stevenson (Endiburgo 1850 – Valima, Samoa 1894) romancista, poeta e ensaísta escocês



terça-feira, 13 de outubro de 2009

A TENDA DOS BLOGUEIROS - PARLARES

MC 059 – Noite de cachaça

Noite de cachaça e vapor de gin, seguiu sonâmbulo o som da viola e cheiro a alecrim da nova amiga. Que susto de manhã bem a seu lado um cavalo sorria.


Do Blog da Eugenia Tabosa


http://parlares.blogspot.com/


terça-feira, 6 de outubro de 2009

FLORES DE TRACUATEUA - CANTO N° 6


Enzo Carlo Barrocco



A CASA DE AZUL E URTIGA


Amigo, onde é a morada

da esperança? Diga, diga!

É naquela casa azulada

toda cercada de urtiga.



DOS MÍNIMOS BIQUINIS


Um pedacinho de pano

cobrindo o “vale encantado”,

assevero e não me engano:

deixa o sentido aguçado.



1964


Pela antiga ferrovia

a caminho de Bragança,

do trem que nela corria

restou somente a lembrança.



MOCAJUBA


Bem tranquila dividida

pela estrada do campinho,

Mocajuba tem na vida

um Caeté no caminho.



INSÔNIA


A rua iluminada,

da tua boca relembro;

segue a fria madrugada

nas longas mãos de setembro.



segunda-feira, 5 de outubro de 2009

DA LAVRA POÉTICA DE ADELMO OLIVEIRA


Soneto da última estação (Mitologia Marinha)


Adelmo Oliveira

Baiano de Itabuna

75 anos


Esta que vem do mar por entre os ventos,
Sacudindo as espumas dos cabelos,
Vem molhada de azul nos pensamentos,
Seu corpo oculta a ilha dos segredos.

Vem e dança ao andar sobre as areias
Úmidas sob os passos e os desejos,
Onde as ancas são ondas em cadeias
Infinitas
de luz contra os espelhos.

Nem precisa de flor nem de perfume,
Ela é a própria essência do ciúme,
Feita de mito e se fazendo estrela.

Vem – dança – e passa aos fogos do verão
– Fantasia da última estação.
Explodiu na vertigem da beleza.


quinta-feira, 1 de outubro de 2009

LUAS DE AJURUTEUA - CANTO N° 7

Enzo Carlo Barrocco


A POESIA É PARCEIRA DO SIMPLES

Longe de tudo que há

em uma noite poética,
lamparinas no casebre
sem energia elétrica.


UM ADEUS PARA CAYMMI

Dorival já se despede,

a música se redime,
vá em paz velho poeta,
queridíssimo Caymmi.


PÁGINAS POLICIAIS


Crime na periferia:

um homicídio no mangue.
O caderno de polícia
do jornal poreja sangue.


SANTA IZABEL

Manter a paz na cidade

sabemos que não é fácil,
podemos senti-la apenas
Lá na José Bonifácio.


UM FATO

A vida é como se mostra,
um morre e três vêm nascendo,
desperdiçá-la é um fato
que realmente não entendo.


ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...