terça-feira, 30 de março de 2010
quinta-feira, 25 de março de 2010
A POESIA NEOZELANDESA DE RON RIDDEL
O POETA
Ron Riddel, neozelandês de Auckland, poeta, educador e ativista político, no convés da fragata desde 1949, é um dos escritores mais publicados da Nova Zelândia. Riddel participou de vários festivais e encontros culturais em diversos países do mundo. Riddel também enveredou pelos caminhos da pintura e da música. Vivendo atualmente em Wellington, a capital do país, é o diretor do festival internacional de poesia daquela cidade.
A POESIA
A VOZ DE DOSTOYEVSKY
Dostoyevski me devolve a vida,
aparece-me por todas as partes
acenando a bandeira, incitando-me.
De que maneira? Eu não sei!
Algumas vezes escuto sua voz
mas quando o procuro, ele se afasta.
Quer alcançar com sua pluma
as estepes congeladas
seu inverno cobre as ruas ladeadas
de árvores de San Petersburgo.
Depois fica em silêncio, absorto
atento a tudo
como se de suas profundidades invernais
escutasse, também, incitando-me.
De vez em quando, olho pela minha janela
mas só vejo ondas, árvores,
uma torre de relógio e alguns navios.
Não vejo nenhum dele, mas encontro sua voz
nos sons das ruas,
na voz dos trabalhadores, nas sirenes das fábricas
e nos apitos dos navios crescendo das profundezas.
quarta-feira, 24 de março de 2010
CHUPA-CHUPA
por Enzo Carlo Barrocco
O Souza, na ponta da canoa, se preparava para jogar a tarrafa. Na popa, o velho Vantilde, escorando a montaria com o remo, fumava o seu cigarro de papelim. Uma lua encurvada pairava a meia altura, com poucas estrelas completando a paisagem. Ambos combinaram encostar o casco num remanso por se tratar de um lugar adequado para a pescaria. Até o presente momento – passava da meia-noite - não tinham pescado absolutamente nada e aquela noite estava particularmente fria. Souza constatou que a tarrafa, outra vez, engatara; portanto, teria que mergulhar, novamente, para desenganchá-la. A noroeste, aqui e acolá, uns raios riscavam o horizonte distante...
Estavam entre 20 e 30 minutos estacionados quando Vantilde consultou o compadre a possibilidade de procurarem outro lugar. O Souza concordou que iriam descer o rio e que ficariam às proximidades do porto da prima Miloca.
O velho Vantilde já tinha colocado a canoa em movimento quando subitamente um feixe de luz fortíssimo se acendeu por trás da mata. Os compadres sumamente intrigados entreolharam-se, embora não estivessem com medo. Dois velhos caboclos da Ilha de Colares acostumados às lides da noite não iriam se assustar com qualquer coisa. As famosas histórias das aparições de objetos voadores não identificados, os propalados chupa-chupa, eram corriqueiras e muitas pessoas já tinham feito relatos a respeito. Mas os dois compadres, agricultores calejados, ocasionalmente pescadores, nunca tinham visto absolutamente nada, seja visagem, curupira, matinta-pereira ou, seja lá, que diabo fosse.
A luz extremamente forte continuava embora os dois pescadores continuassem calados percebia-se claramente que ambos estavam extasiados. Veículo não era já que não havia estradas naquela região.
-“Cumpadi” – disse o Souza – Vamos descer o rio e continuar a nossa pescaria?
- Vamos! – respondeu o compadre.
Iam saindo quando o clarão se apagou; apenas a luz frouxa da lamparina, colocada no banco central da montaria, iluminava.
Os compadres se entreolharam enquanto a pequena embarcação deslizava sob a força do remo do velho Vantilde.
quarta-feira, 17 de março de 2010
BENEDICTO MONTEIRO NA ESTANTE VIRTUAL
terça-feira, 16 de março de 2010
LIBÉLULAS RUBRAS - 15ª TRÍADE
Enzo Carlo Barrocco
A LUA ENTRE OS PRÉDIOS
Uma lua imensa,
amarela, brilhante
aparece entre os vãos
dos prédios altos. Um poema
suspenso no céu.
Na pressa quem há de notá-la.
GARCISE
Garcise vaga nos confins
do sistema,
velocíssimo e destrutivo.
O monstro rochoso é uma Ilha Kishi
em rota de colisão com este mundo
a setenta e cinco mil quilômetros por hora.
PRAGA
A violência grassa em todos
os setores, em todas as classes,
a violência pura e gratuita,
a violência oriunda das desigualdades.
Felizes os que estão livres
dessa praga social.
O PÁROCO E A MULATINHA
Enzo Carlo Barrocco
Um grupo de mulheres sobe a escadaria
da igreja,
o sol contra os vidros empoeirados
dói na vista.
À sacristia, onde as mulheres fariam a limpeza,
o padre, as 11 horas da manhã,
ataca uma coxa de frango
afogada no arroz branco.
Não é muito cedo para o almoço?
É que os padres comem cedo – diz uma velhota.
Uma mulatinha nova, quatorze anos, se muito,
furtivamente observa o grupo de carolas.
Gerana presta serviços à paróquia e, particularmente,
ao padre, como bem se vê.
Gente carola é muito perspicaz, no entanto, jamais
acusariam o vigário.
Andaram dizendo que “o santo homem”
chamava Gerana
ao seu quarto à noite.
Nossa! Que pecado! – disse mês passado outra velhinha.
O fato é que quando o grupo de mulheres saiu do prédio
a mulatinha ainda estava lá.
quinta-feira, 11 de março de 2010
LEDO IVO NO DIÁRIO DOS PENSADORES
segunda-feira, 8 de março de 2010
HAI-KAIS – 18° Terceto
Enzo Carlo Barrocco
Lavoura de arroz –
o sol sobre o mês de julho,
voos de passarinhos.
***
Estradinha calma –
a sua margem uma casa,
frio e madrugada.
***
Sol pelos canteiros,
roupas nos varais de cordas –
cajueiros em flor.
sexta-feira, 5 de março de 2010
CLARICE LISPECTOR NA ESTANTE VIRTUAL
quinta-feira, 4 de março de 2010
quarta-feira, 3 de março de 2010
ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE
Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...
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O POEMA... DEPOIS DA HECATOMBE Quando a torpe insensatez humana Varrer da terra toda a humanidade, Por entre as cinzas da radioatividade,...