terça-feira, 16 de março de 2010
O PÁROCO E A MULATINHA
Enzo Carlo Barrocco
Um grupo de mulheres sobe a escadaria
da igreja,
o sol contra os vidros empoeirados
dói na vista.
À sacristia, onde as mulheres fariam a limpeza,
o padre, as 11 horas da manhã,
ataca uma coxa de frango
afogada no arroz branco.
Não é muito cedo para o almoço?
É que os padres comem cedo – diz uma velhota.
Uma mulatinha nova, quatorze anos, se muito,
furtivamente observa o grupo de carolas.
Gerana presta serviços à paróquia e, particularmente,
ao padre, como bem se vê.
Gente carola é muito perspicaz, no entanto, jamais
acusariam o vigário.
Andaram dizendo que “o santo homem”
chamava Gerana
ao seu quarto à noite.
Nossa! Que pecado! – disse mês passado outra velhinha.
O fato é que quando o grupo de mulheres saiu do prédio
a mulatinha ainda estava lá.
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