REVOO DE BEIJA-FLORES - Microtrovas - Revoo nº 4

Enzo Carlo Barrocco

PASSEIO DEPOIS DA CHUVA

Duas

moças,

luas,

poças.

QUEM, SUBITAMENTE, GANHA A MEGASSENA

Rico.

Cego

fico:

ego.

ACIDENTE FATAL NA BR

Chuva

fina;

sina:  a

curva.

 

NEGRA

Vio-

leta a

greta:

cio.

 

PROCISSÃO DO CÍRIO

Passa a

Santa,

canta a

massa.

ITÉRBIO HOMEM DE SIQUEIRA NA ESTANTE VIRTUAL

LIVRO: Abismo Intacto - poesias(1983)

Autor: Itérbio Homem de Siqueira

Editora: Livraria José Olimpio/Fundarpe

Itérbio Homem de Siqueira (1932-1981) colocou em “Abismo Intacto” toda a sua força mística. Uma poesia forjada na fé a qual se sustentava. O poema livre, o soneto apanhado sutilmente nos caminhos imaculados da mente. Tenho plena certeza que lendo “Abismo Intacto”, você sentirá uma paz espiritual a qual Itérbio, poeta potiguar, também sentira. Destaques para os poemas “Jesus” (...aí tanto amaste a morte / que voltaste ao mundo para colhê-la...) e “Autora” (...Aurora é uma lua suicida / que num ato de beleza incontida / dissolveu-se em neblina sobre o mar... ).

CONFISSÃO

Enzo Carlo Barrocco

Sou poeta, desses que se escondem,
cercado de porções, provetas, alfarrábios;
a todo instante o tempo vai tecendo
cada um dos sulcos dos meus lábios.

Eis que trago em cada movimento  
um cântaro enchido de ofertório.
Sou poeta, amigo, sou poeta,
desses poetas de laboratório.

Porém, meu supercílio esquerdo  
é testemunha dessas inventices;
as fórmulas estão engavetadas

não acreditem em nada do que eu disse...
meu verso recém-feito se espreguiça 
nas minhas longas mãos ensangüentadas.

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EFRAIM  PINHEIRO
e-mail: efraimpinheiro@hotmail.com 

                                            

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ANGEL GANIVET NO DIÁRIO DOS PENSADORES

- A mulher tem uma única via para superar o homem: ser mais mulher a cada dia.

- Angel Ganivet (Granada 1865 – Riga, Letônia 1898) romancista e ensaísta espanhol

 

VERBENA

Enzo Carlo Barrocco

Havia calor em seu torso esguio,
a respiração arfada,
suor entre os seios tremeluzentes.
Seu ventre bruno de verbena e luz
prefaciava uma lua de hormônio
e sêmen.

Abaixo, as coxas semiabertas
e a frincha (fruta-carne)
de lábios sumarentos, fulvos.

A respiração arfada;
havia calor em seu torso esguio.

PÁSSAROS DO ANOURÁ - Poetrix - 24ª TRÍADE

Enzo Carlo Barrocco

NEGLIGÊNCIA

Se afaste do fato de ter

responsabilidade;

isso implica esperança.

CHUVAS DE JANEIRO

O igarapé emagreceu

no verão;

saudades das chuvas de janeiro.

MÃOS E SEMENTES

As semente brotam:

de mãos rudes uma espiga de milho,

das cinzas um cilo de grãos. 

DA SÉRIE PAISAGENS DE BELÉM - FOTOGRAFIA Nº 05

Enzo Carlo Barrocco

As baixadas não existem mais,

tampouco o provincianismo,

muito menos ruas tranquilas

e igarapés limpos.

A cidade agora

é um hospital de esquizofrênicos.

LIBÉLULAS RUBRAS - 17ª TRÍADE

Enzo Carlo Barrocco

ALMAS PROTEGIDAS DA NOITE

Eram onze horas e ainda

chovia.

A ruazinha do arrabalde,

o silêncio dos bairros distantes.

Portas trancadas;

almas protegidas da noite.

A INESGOTÁVEL LUZ DO UNIVERSO DA MENTE

Perguntou-me a amiga Dária:

De onde

vem o poema, amigo poeta?

Da imaginação, minha cara, da imaginação!

A inesgotável

luz do universo da mente!

PARTIDAS E REENCONTROS

Agora penso nos que foram embora;

um sol que dobrou a esquina,

uma lua que caiu no mar,

Por outro lado, algumas poucas estrelas

Reencontram o velho poeta.