segunda-feira, 2 de setembro de 2013

FLORES DE TRACUATEUA (Canto nº 4)


Enzo Carlo Barrocco

PRETENSÃO
O que mais pretendo agora,
Neste final de milênio,
É botar garganta a fora
Os versos que ainda tenho.

PRELO
Dilui-se toda a palavra
Se no livro não for posta,
Perdida está toda a lavra,
Pedra solta na encosta.

SUPOSIÇÃO
Nestes dias de amargura,
De tristes dias, de fome,
Suponho não ter mais cura
Para a tristeza do homem.

ÉTICA
Quem sabe não tenha ética
O que vou falar, sem alarde:
A mentira sendo poética
Passa logo a ser verdade.

RUA E MADRUGADA
A rua está tão deserta,
Uns grilos pela calçada,
A madrugada desperta
Nos seios da minha amada.

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