segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

OCÉLIO DE MEDEIROS E A POESIA DO ACRE



O POEMA...

ACRE: VOLTA À VIDA SIMPLES

O meu caleidoscópio é o pensamento,
que imagens do Acre forma em minha mente:
é o rio que dobra um porto lamacento...
é o barranco... é a floresta... é a minha gente...

Mas sinto mais sua falta no momento
em que a gente por algo se ressente:
por qualquer coisa brigo, me apoquento,
e um nada faz ferver meu sangue quente!...

Meu corpo é a Terra do Acre enrubescida
na luta dos meus pais e antepassados...
é o povo... é a sua borracha... é a sua lida...

Por isto do Acre sinto impregnados
meu sangue, minha carne, minha vida
e o tempo em que fui gente em dias passados...


...E O POETA 












Océlio de Medeiros (Xapuri 1917 – Rio de Janeiro 2008) poeta, contista, romancista e jornalista acreano foi um dos grandes escritores do norte do Brasil do século passado e início deste. Océlio viveu por algum tempo em Belém, onde concluiu os estudos e iniciou a vida no magistério e no jornalismo (“Folha do Norte” e “O Estado do Pará”), além de atuar na militância estudantil contra a ditadura do Estado Novo.  Por um tempo, quando voltou a morar em Rio Branco, o poeta esteve à frente da luta dos seringueiros acreanos contra os desmandos dos grandes agropecuaristas do Estado. Acabou por ser perseguido. As paisagens acreanas são presentes em vários textos do escritor, principalmente na poesia, onde teve excelente desempenho.


quarta-feira, 10 de dezembro de 2014

LIBÉLULAS RUBRAS - 21ª TRÍADE



Enzo  Carlo Barrocco 
 

POEMAS PELAS SOMBRAS

Faço meus poemas
pelas sombras
com uma velha agenda sobre as pernas.
Longe sobre as largas pastagens
o horizonte se arqueia,
uma ostra que se fecha para sempre.


INSISTÊNCIA

Viverei um minuto a mais,
insistentemente, sobre este solo árido,
embora as mazelas,
a democracia disfarçada
e os poucos recursos monetários
nas profundezas da conta.


GUERRAS DO FIM DO MUNDO
Há uma guerra se desenvolvendo
nos desertos do mundo;
nações se desmoronam,
famílias se esfacelam sob escombros.
Num céu noturno
ogivas se aparentam a meteoros.

REVOO DE BEIJA-FLORES - MICROTROVAS - REVOO Nº 6



Enzo Carlo Barrocco


ANDARILHO
Digo:  a
lua, a
rua
sigo.

O POETA QUE AINDA SOU
Arte,
voo.
Vate
sou

NAVEGADOR DE PEQUENAS ÁGUAS
Temo o
vento o
remo
tento.

COMPOSIÇÃO
Vem
ávido
rápido
trem.

AS TROMBETAS SOARÃO EM BREVE
Cristo
volta a-
posta
nisto.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

AS DORES DA NATUREZA

Enzo Carlo Barrocco





















Eu via a chuva se armando
a  leste da grande ilha,
as nuvens se agrupando,
vento, marulho, quilha.

Todo o céu se contorcia,
não existia estranheza,
a noite já se entrevia:
as dores da natureza.

Num momento se sentia
a sua real beleza.
Vento, marulho, quilha,

as nuvens se agrupando,
a leste da grande ilha
eu via a chuva se armando.






ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...