O POEMA...
UMA
ELEGIA DE PROPÉRCIO
Mas
voltemos agora à roda dos meus versos,
e goze a moça com meu som insólito.
Dizem que Orfeu deteve feras e velozes
rios parou com sua lira Trácia;
graças à arte Tebana, as pedras do Citéron
andaram e num muro se moldaram;
e no Etna, ó Polifemo, Galateia trouxe
seus corcéis orvalhantes aos teus cantos:
devo admirar, se, tendo ao lado Baco e Apolo,
tantas moças cultivam meu cantar?
Eu não tenho coluna Tenária em meu lar,
nem tetos de marfim com áureas vigas,
meu pomar não se iguala às florestas Feácias,
nem tenho uma água Márcia em minhas grutas;
porém meu canto agrada, e as Musas são amigas:
Calíope não se cansa em minhas danças.
Feliz daquela que eu louvar em meu livrinho!
Meu canto é monumento à tua beleza!
Pois nem pirâmides que atingem as estrelas,
nem lar de Jove Eleu, que imita o céu,
nem a fortuna do sepulcro de Mausolo
fogem à condição final da Morte.
Chuvas ou chamas dão um fim à sua glória:
tombam com o peso tácito dos anos.
Mas o renome ganho pelo engenho nunca
passa: a glória do engenho não tem Morte.
e goze a moça com meu som insólito.
Dizem que Orfeu deteve feras e velozes
rios parou com sua lira Trácia;
graças à arte Tebana, as pedras do Citéron
andaram e num muro se moldaram;
e no Etna, ó Polifemo, Galateia trouxe
seus corcéis orvalhantes aos teus cantos:
devo admirar, se, tendo ao lado Baco e Apolo,
tantas moças cultivam meu cantar?
Eu não tenho coluna Tenária em meu lar,
nem tetos de marfim com áureas vigas,
meu pomar não se iguala às florestas Feácias,
nem tenho uma água Márcia em minhas grutas;
porém meu canto agrada, e as Musas são amigas:
Calíope não se cansa em minhas danças.
Feliz daquela que eu louvar em meu livrinho!
Meu canto é monumento à tua beleza!
Pois nem pirâmides que atingem as estrelas,
nem lar de Jove Eleu, que imita o céu,
nem a fortuna do sepulcro de Mausolo
fogem à condição final da Morte.
Chuvas ou chamas dão um fim à sua glória:
tombam com o peso tácito dos anos.
Mas o renome ganho pelo engenho nunca
passa: a glória do engenho não tem Morte.
...E O POETA
Sextus
Propertius (Assis, entre 55 e 44 a. C. – Roma,
depois de 16 d. C.) poeta romano, cujo principal acontecimento na sua vida foi o
seu amor desvairado por Cínthia, pseudônimo de sua amante chamada Hóstia. Esta
ocorrência foi o que forneceu matéria a maior parte de suas 92 elegias, onde se
nota misto de ciúmes, brigas, acessos de furor e ternura, rompimentos e conciliações.
A obsessão de Propércio pela morte em meio ao amor delirante pela amada também
renderam a ele algumas elegias. Algumas dessas elegias que pertenciam ao 4º e
último dos seus livros tratam de assuntos relativos à história romana. A
excessiva erudição mitológica e a estrutura extremamente complexa prejudicam
sobremaneira a sua poesia. Historiadores acreditam que o poeta tenha sido
casado e que teve um filho. Uma inscrição na cidade de Assis contém o nome de
Paulo Propércio (Gaius Passenus Paulus Propertius), descendente do poeta,
citado por Plínio, o Moço em suas cartas.
de August Vinchon, pintor francês (1789-1855)
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