sexta-feira, 3 de junho de 2011

A POESIA PERSPICAZ DE ZILA MAMEDE



O POEMA

Rua (TRAIRI)

Nos cubos desse sal que me encarcera
(Pedras, silêncios, picaretas, luas,
anoitecidos braços na paisagem)
a duna antiga faz-se pavimento.

Meu chão se muda em novos alicerces,
sob as pedreiras rasgam-se meus passos;
e a velha grama (pasto de lirismos)
afoga-se nos sulcos das enxadas,

nas ânsias do caminho vertical.
Ao sono das areias abandonam-
se nesta rua vívidos fantasmas

De seus rios meninos que descalços
apascentavam lamas e enxurradas.
Meu chão de agora: a rua está calçada.



A POETA 




Zila da Costa Mamede (Nova Palmeira 1928 – Natal, RN 1985) poeta paraibana, se notabilizou  pela sutileza com a qual desenvolvia sua poesia, com temas relacionados as suas paixões e ao sertão nordestino. Zila foi elogiada por nomes famosos da literatura brasileira, incluindo Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Câmara Cascudo e João Cabral de Melo Neto, entre outros. A poeta também se dedicou à  pesquisa de importantes nomes da nossa literatura. Encante-se com a poesia de Zila, por sorte, espalhada pela “grande rede”.


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