O POEMA
Rua (TRAIRI)
Nos cubos desse sal que me encarcera
(Pedras, silêncios, picaretas, luas,
anoitecidos braços na paisagem)
a duna antiga faz-se pavimento.
Meu chão se muda em novos alicerces,
sob as pedreiras rasgam-se meus passos;
e a velha grama (pasto de lirismos)
afoga-se nos sulcos das enxadas,
nas ânsias do caminho vertical.
Ao sono das areias abandonam-
se nesta rua vívidos fantasmas
apascentavam lamas e enxurradas.
Meu chão de agora: a rua está calçada.
A POETA
Zila da Costa Mamede (Nova Palmeira 1928 – Natal, RN 1985) poeta paraibana, se notabilizou pela sutileza com a qual desenvolvia sua poesia, com temas relacionados as suas paixões e ao sertão nordestino. Zila foi elogiada por nomes famosos da literatura brasileira, incluindo Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Câmara Cascudo e João Cabral de Melo Neto, entre outros. A poeta também se dedicou à pesquisa de importantes nomes da nossa literatura. Encante-se com a poesia de Zila, por sorte, espalhada pela “grande rede”.
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