por Enzo Carlo Barrocco
O
velho Genival era daquelas pessoas desconfiadas e arredias com pessoas
estranhas, mas com os conhecidos se tornava falante, ainda mais se estivesse
com “duas” na cabeça. Certo dia deixou a bolsa tiracolo no banco comprido da
sala do casal de irmãos Nogueira, solteirões convictos, enquanto ia ao igarapé
tomar banho. Só Dona Regina, velha solteirona estava na casa. O enfezado
Genival voltava do banho quando ouviu o velho Rinaldo, que havia retornado,
perguntar: de quem é essa “borsa”? A irmã respondeu: é de “Genivalo” O pessoal
da família Nogueira sempre acrescentava “O” no final das palavras terminadas em
“L”. Genival, ignorante por toda a vida, apanhou a bolsa e foi embora sem, ao
menos, se despedir, resmungando que pela frente o chamavam de “seu” Genival,
mas por trás o chamavam apenas de Genival. Os dois velhos estupefatos
entreolharam-se enquanto o desfeiteado sumia na curva do caminho.
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