Ricardo Corona
(Pato Branco 1962)
Poeta e contista paranaense
A GARGALHADA
DO MACACO
Para Sheila Tramujas
Acordei com um retalho
de fio umbilical na boca.
Ariadne, feito peixe mutante,
tecia em meus lábios
o sabor que só agora traduzia.
Sabor que viera no vento,
da margem do grande útero
- um uivo na memória -
De lá vêm sinais elétricos,
pensamentos líquidos
de seres umedecidos
e pulmões duplamente ativados,
que mostram o caminho das escamas
e as pegadas em terra firme.
E ouvem a gargalhada do macaco.
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