Ruy Espinheira Filho
(Salvador 1942)
Poeta, contista, novelista, romancista, cronista e ensaísta baiano
Soneto da triste fera
a Florisvaldo Mattos
Quanto mais o olhar acera,
recrudesce a noite vasta,
restando apenas à fera
as trevas em que se engasta.
Choramos, era após era,
esta carência que pasta
entre escombros de quimera
tudo aquilo que não basta
a nós, esta triste fera
que vê só o duro luzir
desta, mais fera que a fera,
condição que a vergasta:
corpo - o que nos vai trair;
e alma - o que nos devasta!
Nenhum comentário:
Postar um comentário