quarta-feira, 25 de abril de 2012

PÉROLAS DE CARANANDUBA - CANTO Nº 12




Enzo Carlo Barrocco


VOU DIZER POR QUE ESCREVO

Vou dizer dessa atitude,
deste ofício de demente,
é que faina mais decente
não me faz bem à saúde.



A CIDADE DORMITANTE
 

A cidade não se move
à madrugada-menina,
advém uma chuva fina –
no relógio: uma e nove.

 

UM HOMEM NO SEU CASEBRE
 

Um homem no seu casebre
feliz na simplicidade,
nunca morou na cidade,
não se curvou a essa febre.

 

DENTRO DA NOITE
 

A lua caminha errante
dentro da noite crescente,
o vento passa indolente
por sobre a maré vazante.



O POETA DESENGANADO
 

Da vida demais cansado
o poeta se despede,
daqui a três dias fede
seu poema inacabado.



segunda-feira, 23 de abril de 2012

HAI-KAIS - 23ª TRÍADE



Enzo Carlo Barrocco

Uma luz distante –
no casebre ribeirinho
lamparina acesa.

***
As cores vivas
dos cajueiros floridos,
revoo de abelhas.

***

Roça abandonada –
pousados num galho baixo
alguns passarinhos.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

ENO TEODORO WANKE NA ESTANTE VIRTUAL


LIVRO: ADELMAR TAVARES – UM TROVADOR AO LUAR
AUTOR: ENO TEODORO WANKE
EDITORA: Plaquette (1997) – 1ª edição


Eno Teodoro Wanke pôs nesta biografia toda a sua simpatia por Adelmar Tavares (1888-1963) considerado, com justiça, o maior trovador do Brasil. Adelmar, certamente, daqui a diante, e graças a Wanke, será mais lido e conhecido, visto o esquecimento a que o tempo impõe. O livro é, digamos, enluarado, com toda a história da vida de Adelmar Tavares entremeada com seus belíssimos poemas e suas trovas encantadoras. Um trabalho de fôlego; mas como o próprio Wanke afirma em sua explicação inicial, foi um trabalho que lhe deu imensa satisfação. Eis uma das centenas trovas de Adelmar: “Grande dia, este meu dia / dado por Nosso Senhor. / De manhã escrevi versos, / de tarde vi meu amor”.


terça-feira, 17 de abril de 2012

A LUA DE CARATATEUA



Enzo Carlo Barrocco
                                                        Foto: Odilson Sá
 













No horizonte distante
sobre a ponta de terra,
onde se vê Mosqueiro,
a Vila é um ponto de luz
no quadrante escuro.

Há um navio fundeado à esquerda
que já não se enxerga.
O marulho na praia deserta;
sobre a baía
a lívida lua de Caratateua.


sexta-feira, 13 de abril de 2012

LOURIVAL AÇUCENA: O POEMA E O POETA

O POEMA


Soneto

sob o mote: hei de mártir de amor, morrer te amando.


Inda cabe rigor neste teu peito?!

Anália, de afligir-me inda não cansas?!
Cruel, não sentes, ímpia, não alcanças
De tua ingratidão o triste efeito?!

Teu duro coração já satisfeito

Acaso não estará dessas provanças
Que me dão caprichosas esquivanças,
Com que pisas de amor doce preceito?!

Entre surdos arquejos de agonia

Vou a Vida de angústias acabando,
Que um ai! Um só sorriso salvaria.

Mas, embora ferina vais matando

Meu firme coração com tirania,
"Ei de mártir de amor, morrer te amando."


E O POETA
 
Joaquim Eduvirges de Mello Açucena, o Lourival Açucena, poeta, cantor e compositor (Natal 1927 - Idem 1907) foi um dos primeiros poetas potiguares, tendo os seus poemas alguma ligação com o Romantismo, embora o Arcadismo lhe tenha dado uma nesga de contribuição. Os serões boêmios de Natal sempre tiveram a participação de Açucena que levou uma vida bastante agitada. Lourival escreveu para todos os jornais de Natal da  época, embora, em vida,  não tenha publicado livro. Após sua morte os amigos não mediram esforços e reuniram seus poemas em um livro chamado Poliantéia.


quinta-feira, 12 de abril de 2012

ZIZI POSSI E A MÚSICA NO JIRAU



CD: PASSIONE (1998)
INTÉRPRETE: ZIZI POSSI
GRAVADORA: POLYGRAM


Excelentemente produzido por José Possi Neto, Passione revela todos os recursos técnicos da apuradíssima voz de Zizi Possi. A belíssima música italiana aqui magistralmente representada por Zizi. O repertório de Passione inclui compositores renomados da música popular italiana, como: Nino Rota, Sérgio Endrigo, Enzo Gragnaielo, Eros Ramazzoti, Domenico Modugno, Ernesto de Curtis. Músicas como Gelsomina (Galdieri/Rota); Canzone Per Te (Bardotti/Endrigo/Bacalov); Anema e Core (Titomanlio/S.D. Sposito), com a participação especial de Chico Buarque; Cu´mme (Gragnaielo); L’Aurora (Ramazzotti/Cogliati/Maño); Io, Màmmeta e Tu (Pazzagli/Modugno); Io Che Amo Solo Te (Endrigo); Grande, Grande, Grande (A. Testa/Rony Reis); Passione Melafemmena (Totó/A. de Curtis), com mais seis músicas completando o CD. Em Canzione Per te a poesia de Bardotti, Endrigo e Bacalov: “Nosso amor era a inveja dos solitários, / era o meu orgulho, era a minha alegria. / Foi tão grande que agora não sabe morrer”.  João Carlos de Assis Brasil, um dos nossos maiores pianistas, fez os arranjos de base e piano para as músicas Gelsomina e Grande, Grande, Grande.


terça-feira, 10 de abril de 2012

LACERDA, BURNS E DALCÍDIO NO DIÁRIO DOS PENSADORES




- A impunidade gera a audácia dos maus.

* Carlos Lacerda (Rio de Janeiro 1914 – Idem 1977) jornalista e político fluminense














- Eu, honestamente, acho melhor dar errado em algo que se ama, do que ter sucesso em algo que se odeia.
* Georges Burns (Nova York 1896  – Los Angeles  1996) ator comediante americano



- É o diabo ter uma vida marcada pela horrível falta de dinheiro.

* Dalcídio Jurandir (Ponta de Pedras 1909 – Rio de Janeiro 1979) romancista e jornalista paraense




ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...