Enzo Carlo Barrocco
As mãos de Ícara têm um tempo denso
de nódulos e lidas, sobrevivência;
os temporais abatem-se sobre o dorso
das mãos de Ícara, imensuráveis.
E dessas mãos absolutamente frágeis
almas sustentaram-se de pães e estrelas
pode-se vislumbrar em seus dedos aduncos
a fome cravada nos dias intranqüilos.
O tempo ainda pode abrir-se em pétalas
de rosas brancas a sua porta.
Quem sabe pétalas de fogo? Quem sabe?
Ainda assim, as sacrossantas mãos
de Ícara, engelhadas de angústia e risos
repousam à janela deste domingo azul.
terça-feira, 3 de abril de 2012
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