quinta-feira, 21 de agosto de 2014

REDONDILHAS AO POENTE

Enzo Carlo Barrocco














A nambu canta distante,
nos confins da capoeira,
a noite já se aproxima,
a tarde desce ligeira.

São cinco e quarenta e cinco
desta tarde moribunda,
a nambu canta de novo
à margem da noite funda.

Por fim a noite morosa
desata sobre os viventes,
a natureza sagaz
fecunda novas sementes.


quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A VISITA DA INSÔNIA

Enzo Carlo Barrocco

Foto: Enzo Carlo Barrocco




















Se sentes dificuldade em dormir
é que teu dia anterior
não foi proveitoso.

O trabalho que te causa cansaço
certamente não te causará insônia.
Lavrador, estivador e afins
não sofrem desse mal.
A fadiga da lida
impede a danosa visita da insônia.


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

A POESIA IRANIANA DE SIMIN BEHBAHANI




O POEMA...



Graciosa aproximou-se

em um vestido de seda azul brilhante;

com um ramo de oliveira em sua mão

e muitos sinais de amarguras em seus olhos.

Chegando a ela, eu a cumprimentei,

E tomou suas mãos na minha: os pulsos podem

ainda ser sentidos em suas veias;

com vida seu oro ainda estava morno.

‘Mas você está sem vida, mãe!’

Eu disse: ‘Oh, há muitos anos você morreu!’

Ninguém cheirou os seus bálsamos,

em nenhuma vestimenta foi envolvida.

De relance tomei em minhas mãos

o ramo de oliveira.



(...)














...E A POETA



Simin Behbahani, iraniana de Teerã, poeta, no convés da fragata desde 1927, começou na poesia  com a idade de 14 anos, à mesma época em que publicou seu primeiro livro. O pai de Behbahani trabalhou como editor e jornalista e sua mãe foi uma notável feminista, bem como professora e poeta. A poesia acima diz bem de uma excelente poeta que derrama lirismo em seus escritos, sendo  indicada duas vezes ao Prêmio Nobel de Literatura. Festejemos Simin Behbahani que milita literariamente com um fechadíssimo país muçulmano.


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

UM ÚNICO POEMA

Enzo Carlo Barrocco

Foto: Enzo Carlo Barrocco




Nos galhos retorcidos da  manhã

os pássaros repousam - luz e  paz -

que ainda dá tempo de criar

um céu turquesa que não vemos mais.



Ainda resta um pouco de silêncio

nos lábios amarelos destes dias,

que o tempo se encaminha bem depressa

a um não sei quê de melancolias.



Eu bem sei, ainda, que dá tempo

de um poema, um único poema,

se é loucura, então que seja extrema;



súbito as aves repousadas,

num único revoo riscam a manhã

com suas cores híbridas/douradas.
 

PÁSSAROS DO ANOURÁ - POETRIX - 26ª TRÍADE



CRISPIM

As areias do Crispim,
belos cuís de estrelas
no chão de Marapanim.


LUA AMARELA

Que venha essa lua amarela,
embora a moça distinta
tenha fechado a janela.


PROBIDADE

Noites primorosas;
dentro do teu sono justo
vão se abrir um milhão de rosas.

ALVARENGA PEIXOTO: O POETA INCONFIDENTE

Inácio José Alvarenga Peixoto, poeta fluminense (Rio de Janeiro 1744 – Ambaca, Angola 1793), estudou no Colégio dos Jesuítas no Rio de Janei...