Antônio Juraci Siqueira
Afuá, Ilha do Marajó, 1948
Poeta paraense
Noturno
Na fogueira da aurora eu me consumo
e ressuscito entre os lençóis da noite
para tecer meu ninho de discórdias
no frágil ramo do teu coração.
A minha pena – faca de dois gumes –
ao mesmo tempo fere e acaricia;
as minhas asas - guarda-sóis se abertas,
quando fechadas, grades de prisão.
Trago nas veias sangue canibal:
bebo esperanças, mastigo ilusões
e, às vezes, sorvo sonhos matinais.
Portanto não se engane: sou poeta
em cujo peito dorme um troglodita
que traz no coração pluma e punhal.
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