JIRAU DIVERSO
Nº 10 – dezembro.2006
por Enzo Carlo Barrocco
A poesia uruguaia de Delmira Agustini
O POEMA
O INTRUSO
Amor, naquela noite trágica e soluçante
Cantou tua chave de ouro em minha fechadura;
E logo, a porta aberta sobre a sombra arrepiante,
Te vi como uma mancha de luz e de brancura.
Tudo me iluminaram teus olhos de diamante;
Beberam-me na taça teus lábios de frescura,
Na almofada pousaste-me a cabeça fragrante;
Amei-te o atrevimento e adorei-te a loucura.
E hoje rio se ris e canto se tu cantas;
Se dormes, durmo como um cão a tuas plantas!
Na própria sombra levo a tua recendente
Primavera; e, se a mão tocas na fechadura,
Tremo e bendigo a noite que -soluçante e escura-
Floriu na minha vida tua boca amanhecente.
Tradução: Anderson Braga Horta
A POETA
Delmira Agustini, (Montevidéu1887 – Idem 1914) poeta uruguaia. Embora tenha estudado música e pintura, foi na literatura que Delmira, realmente, se destacou, se tornando a maior voz feminina do modernismo uruguaio do início do século XX. Seus poemas eróticos e sensuais são lindíssimos. Em virtude de uma vida conjugal atribulada faleceu tragicamente assassinada por seu ex-marido que não aceitava a separação. Uma vida breve, no entanto intensa e dramática.
***
ESTANTE DE ACRÍLICO
Livros Sugestionáveis
“A Rosa Separada” (poesias)
Autor: Pablo Neruda
Edição: L & PM Editores
Neruda homenageia neste livro a fantástica ilha de Páscoa. O poeta fala das belezas naturais da ilha, tanto quanto dos homens que a habitam. Em edição bilíngüe.
“A Morte de Ivan Ilitch ” (novela)
Autor: Leon Tolstói
Edição: L & PM Editores
Com uma narrativa clara, Tolstói, neste trabalho, nos leva a uma reflexão. A agonia e o lento caminho para a morte de um burocrata que se depara, subitamente, com uma doença incurável.
“Antilogia” (poesias)
Autor: Ruy Barata
Edição: R.G.B. Editora / Secult
Neste livro bem se nota a escrita aguçada de Ruy. Excelentes poemas, com a musicalidade que só esse paraense de Santarém poderia conceber.
***
A FRASE DI/VERSA
Teu corpo claro e perfeito / - teu corpo de maravilha – / quero possuí-lo no leito / estreito da redondilha.
- Manuel Bandeira (Recife 1886 – Rio de Janeiro 1968) poeta, cronista e ensaísta pernambucano.***
DA LAVRA MINHA
terça-feira, 2 de outubro de 2007
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