por Enzo Carlo Barrocco
“Uma Gueixa...”: hai-kais à moda ocidental.
A poeta Lúcia Santos lançou no mês de fevereiro deste ano o livro “Uma Gueixa Para Bashô” (Editora Babel, 2007), que conta com 62 hai-kais. Este pequeno poema de origem japonesa que teve como seu idealizador o poeta Matsuo Munefusa, o Bashô (Yedo, atual Tókio 1644 – Osaka 1694), consiste de 3 versos com 17 silabas poéticas, tratando sobre as estações do ano. Muitos poetas hoje, principalmente os ocidentais, fogem a essas regras inflexíveis, dando formas menos ortodoxas ao hai-kai. Os pequenos textos eróticos de Lúcia, por sinal, fogem completamente à filosofia do gênero. No entanto, é nessa linha que Lúcia trabalha buscando a síntese o que para ela se tornou um desafio. A poeta começou a se interessar pelo hai-kai depois de uma leitura da biografia de Bashô escrita pelo poeta paranaense Paulo Leminski (Curitiba 1944 – Idem 1989). Lúcia se apaixonou pela síntese do estilo e desde aí (início da década de 1990) começou a escrever essa modalidade. Segundo a crítica, o livro saiu maduro e esmerado no qual a delicadeza unida à precisão dos poemas virou marca registrada. O crítico literário Paulo Melo Sousa afirma que “os textos não são, na acepção do termo, hai-kais sob a formatação clássica, são na verdade, poemas curtos nos quais a temática é livre, aberta, mas onde a contenção e a densidade foram exaustivamente exploradas”. Aliás, o livro conta com a apresentação de algumas celebridades tais como, Alice Ruiz, Sérgio Natureza, Celso Borges e Chico César. A própria poeta adverte sobre o seu mais recente livro que “pode parecer, ao leitor menos avisado, à primeira vista, que o poema curto é mais fácil de fazer, mas nós sabemos que não é assim, pois temos que dizer tudo o que queremos com o mínimo de palavras, em três versos da forma mais enxuta possível. Meus poemas publicados nos livros anteriores eram mais longos, embora já existisse uma tendência para textos mais simétricos: hoje em dia, já possuo domínio da técnica e já tenho material para outro livro de hai-kais, que pelo menos eu chamo de hai-kais, pois essa denominação é questionável”. Lúcia, inclusive, é irmã do cantor e compositor Zeca Baleiro (Arari, MA 1966). Experimente Lúcia Santos, a maranhense que atualmente mora no bairro da Pompéia,
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TRÊS HAI-KAIS DO LIVRO "UMA GUEIXA PARA BASHÔ"
em tua mão destra
meu violino só
vira orquestra
*
uma trepada em vão
melhor que nada
pior que a solidão
*
eu e eu e este agosto
meu amor só a sol
posto
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