O POEMA
Voragem
Rostos que nunca vi, jacintos murchos
cujas sonatas frias me tocaram,
estes rostos não quero: eles são breves
no desfile das pálpebras cerradas.
Penso naqueles outros, familiares
rostos de toda vida. Cata-ventos
da rua ainda sem nome, alagadiço
porão da infância, arpejos e trigais,
dai-me a ver novamente ou mesmo em sonho,
estes semblantes nunca repetidos,
graves alguns, mas todos inseridos
na memória dos dias voluntários.
Cemitério, talvez, dessas lembranças,
todas, em mim, são rosas e crianças.
O POETA
Jorge Tufic, poeta, cronista, ensaísta e jornalista, acreano de Sena Madureira, no convés da fragata desde 1930, é um vigoroso poeta amazônico, que camba o seu discurso poético para o universo regional. Os anseios do homem amazônico dão cores a sua vibrante poesia. A partir do início da década de 90, fixou-se em Fortaleza – CE, dedicando-se exclusivamente à literatura. Sua estréia literária aconteceu em 1956, com a publicação de Varanda de Pássaros.
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