sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

GRÃO E CORISCO

Enzo Carlo Barrocco


Meu verso diminuto e tão pequeno,
talvez, assim, inexpressivo grão,
mas, também, sei, intumescido e pleno
foge um pouco além da minha mão.

E se consigo domá-lo, potro arisco,
escoiceando as portas do poema,
plena luz morta ao chão, corisco
que fende o ar sob dor extrema.

Põe-se, assim, a galopar ligeiro
e sua crina de amarelo-rubro
 faz-me louco que se me descubro

sob as vestes de um deus-poeta;
mas também sei, intumescido e pleno,
meu verso diminuto e tão pequeno.



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